domingo, 9 de março de 2014

Resenha: Lugar Nenhum

de Neil Gaiman

Richard Mayhew leva uma vida normal. Ele tem um emprego de escritório, uma namorada (noiva, na verdade) que o diz que ele será um grande homem um dia, e uma relação saudável com seus colegas de trabalho. Tudo segue o curso que deve seguir. Mas um dia ele e sua namorada, Jessica, estão indo para um jantar importante e Richard vê uma mulher de aparência jovem caída no chão. Ele quer ajudá-la, mas Jessica diz que eles não tem tempo para isso, que outra pessoa vai achá-la. Richard resolve ajudá-la de qualquer jeito, e a leva para casa. Quando a mulher se cura, ela o pede para fazer um último favor para ela, e Richard, sendo o bom moço que é, aceita, mesmo que o favor soe muito estranho. Depois que a mulher sai de sua casa, ele tenta voltar para sua vida cotidiana, mas percebe que algo está diferente. Ninguém mais consegue vê-lo.

OK! Eu odeio fazer sinopses. Acho que vou passar a copiar todas elas do skoob e colar direto aqui.
Eu resolvi, esse ano, que queria ler mais coisas do Neil Gaiman. Eu já tinha lido Coraline e Stardust, e como tinha gostado bastante, por quê não continuar? Resolvi pegar esse primeiro por um motivo muito simples: a capa. Essa capa é muito bonita, e eu imaginei que o livro me agradaria tanto quanto ela.
Mas aí eu cometi um erro. Decidi que ia ouvir o audiobook ao invés de ler o livro em si, porque ei, quem narrava era o próprio Neil Gaiman, e eu nunca ouvi um audiobook antes! E além do mais, eu posso fazer várias coisas enquanto ouço. Que mal pode vir disso?
Hahaha. Muito.
Eu sei que essa tem que ser uma resenha do livro, mas eu não vou conseguir falar sobre ele sem contar essa minha experiência com o audiobook.
Esse foi o meu primeiro, mas eu imagino que até para um narrador de audiobook, o Neil Gaiman leia muito devagar. Eu sei que você tem que falar claramente, e pausadamente, etc etc, mas um livro que eu terminaria em... 6, 7 horas? 8, no máximo? me foi lido em 12. Eu fiquei frustradíssima com isso. Meu outro problema foi o das vozes que Neil deu aos personagens. Não é culpa dele que eu não tenha gostado, e eu não estou dizendo que é, mas ele dava vozes à personagens que eu, enquanto ouvia, achava que não se encaixavam nem um pouco. Não é como eu os imaginaria na minha mente.
O personagem principal, Richard Mayhew, não é nenhum herói, e nem finge ser. Ele só quer voltar à sua vida antiga, do jeito que era antes, e não é exatamente corajoso ou espirituoso. Ou seja, não é o seu típico personagem principal. Mas a voz e a tonalidade que Neil o dá, em sua narrativa no audiobook, me fez achar que ele quisesse que nós detestássemos Richard. Ele o dava uma voz que o fazia parecer mais idiota do que suas falas eram.
Apesar de eu ter percebido que o audiobook estava arruinando a minha experiência com esse livro, eu continuei. Queria terminar o livro todo assim, e fui o mais longe que consegui, mas em certo ponto eu fui forçada a parar.
"Nem sempre o autor é o melhor intérprete de sua obra." Meu pai disse isso quando fui reclamar com ele, mas eu não sei se ele estava citando alguém ou não (eu nunca sei), mas não deixa de ser verdade.
Não vou desistir de audiobooks, é claro. Na verdade, estou lendo outro livro do Neil Gaiman assim (dessa vez, narrado por outro cara, e não pelo Gaiman) e estou gostando mais, apesar de ainda preferir ler no meu próprio ritmo, com a minha própria entonação.
Ok, vamos ao livro.
Todos os personagens foram interessantíssimos de serem lidos. Door, Richard, Mr. Croup, Mr. Vandemar, Marquis de Carabas, Old Bailey... Os que menos gostei foram Richard e Door (os principais... por quê eu quase nunca gosto dos principais?) e os que mais gostei foram Hunter (divíssima) e o Marquês. Não me importaria nem um pouco em ler uma estória separada sobre cada um deles.
O mundo em si me deixou perturbada e, também, maravilhada. Acho que o nome para esse tipo de gênero é fantasia urbana. Esse livro me lembrou MUITO de A Viagem de Chihiro. Principalmente em uma cena que os personagens precisam passar por uma ponte para chegarem em um lugar especifico, uma ponte perigosa. Essa comparação aumentou os pontos que o livro fazia comigo, já que eu adoro aquele filme.
O que acontece com Richard depois que ele ajuda Door parece algo muito simples, mas é assustador. Eu não sei como reagiria se isso algum dia eu fosse trabalhar e descobrisse que ninguém consegue me ver claramente, que eu não existo mais naquele ambiente. Além disso, o livro conseguiu me surpreender em alguns aspectos. Eu acertei ao adivinhar que haveria algum tipo de traição, mas errei de quem ela viria, etc.
Alguém me disse que esse não era o melhor trabalho de Gaiman, e eu, mesmo não tendo lido quase nada dele, percebi algumas coisas que imagino que o Gaiman de hoje em dia não faria.
O livro é bom, sim, mas eu estava esperando bem mais. Acho que o início foi ótimo, mas o livro vai caindo e caindo mais pro final, e só no clímax ele retoma o pique.
Ou talvez eu esteja dizendo isso por causa do audiobook. Droga.
Eu dei três estrelas, mas se tivesse apenas lido, sem ouvir o audiobook, será que teria dado quatro?

Beijos, etc.

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